porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Terra: entre o céu e o inferno


Inicio aqui a volta do que já foi, a plasticidade da redundância escrita, publicada e revelada, mas a cirurgia no peito em fumaça de idéias é realizada, mesmo em meio a contradição e limite. Expelir um aroma perdido da sinceridade, esta é a estratégia, a meta e o escambal. Fazer-se honesto, em meio a montanha de trabalho e os kilômetros da volta para a casa, é heroísmo ou milagre? A palavra "santo" vem da palavra latina salus que pinta o conceito no português de "saudável", desvirtualmente pixada pelos doltos católicos como "salvação". Bueno, como se curar sendo afogado pela doença de remédios? Injeções anestésicas injetadas nos passos dos segundos de cada movimento intencional de forma robotizada neste caos universalizado das cidades. Hoje não vivo na cidade. Sou a cidade, uma matéria fria, concreto, ruas e cheiros, um bueiro transbordando as únicas virtudes reais: angústia e medo.Teremos posssibilidade de sobreviver em um canto virgem, sem intenção, com uma saúde que dê conta da sobrevivência mais básica da beleza, do estético, do agradável, do prazer, da imaginação, do afeto, da liberdade, da relação, da fala sem lógica, da poesia do olhar, da comida do campo e das horas perdidas? Elementos estes desabituais no cotidiano dos direitos básicos da rotina urbanizada e pós do pós capitalismo, que chamavam de "selvagem", mas que deixou este estatus, publicitário e inútil do planfetários militantes, para a naturalização de sua presença e razão de existir. Hoje o capitalismo não é nem aplaudido, nem esbofeteado, mas um ar respirado, vitamina introjetada na necessidade do corpo vivente, enfim, naturalizado na ordinária ontologia da existência presente. Mais uma vez olho da janela, se tem grades eu não sei, e me vejo aqui, universos perdidos numa sala chamada mundo. O que usar para sair ou fugir deste estado concreto? Um avião, um foguete ou um metrô? Impossível, a fuga não depende de meios, mas da prioritariamente de fins. Um objetivo vale mais que instrumentos. Somos enfrangalhados por meios, mas o caminho é viciado, copiado, medido pela obvidade do destino. Mentira verdade, saimos e sabemos aonde vamos chegar. E o pior que, esta chegada, é o lugar que não optamos estar. Isto é o carma de uma geração, ou patologia de um indivíduo fadado as suas fraturas psicicológicas? Não mergulho a mente em terrenos só internos, qual fotógrafo clico na paisagem virtual e alienada do corpo das coisas, que passam feito bailarinas engessadas, ou atleta sem pernas, braços e coração. tudo isto, como o fantástico e deprimente Mundo de OZ: homem de lata querendo coração, leão na intenção de ter coragem, espantalho querendo ter cérebro... Rá, a essência das coisas está no vázio de ser uma aparência moldada a partir da "bionicidade"(de biônicos) dos interesses capitais de seres conscientes, corajosos e emotivos, alimentados e educados pelo poder. Quem vai parar com a carnificina de mentes, sonhos e liberdades, entalhadas pelas filas de metrôs e pelo medo do desemprego? No inferno de São Paulo fui doutrinado pela imagem do diabo e de um Deus distante. Ou seja, limite humano é a medida real. Salve-se quem puder, pois o inferno é lógica breve e proximidade real, basta deixar-se cair. O céu, sem ponte e nem possibilidade financeira e material para ser atingido, se torna em esforço irreal e impossível de mais para existir. Terra, medida entre céu e inferno. Ficar na hortizontalidade é questão de sobrevivência, porém, somos detinados a sermos seres caídos nascidos com o peso complexo no passo e no respirar... logo, o inferno é o nosso destino, crendo ou não. Precisamos ser homens e mulheres, enfim, gente, para acreditar na possibilidade única e salvífica da vida, se é que isto seja possível ainda. Terra, a virtude entre o céu e o inferno.