porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vácuo...




A procura do vácuo.

Há palavras, compromissos e deveres. No abismo entre estas possibilidades, que se tornou em ordem necessária para a sobrevivência, arquiteta-se o necessário mundo do não - fazer, do contemplar e do pensar. Nele nos refazemos e compreendemos a morte como certeza de nossa máxima possibilidade.

Tenho inveja dos bichos mais insignificantes que procuram um mato sem importância, vivem nele como universo paralelo, ao mesmo tempo central, pois profundo. Respiram o mistério simples e autêntico e desvendam a sabedoria.

Quero tempo para ler, criticar e esvaziar-me das palavras, dos afazeres bestiais, dormir nas horas e brincar com a terra e os galhos. Quero inventar certezas e esquecer os dogmas. Quero não precisar acreditar em autores, patrões e políticas. Quero viver sem dinheiro, mas com um pé de limoeiro e banana. Quero ser índio sem documentário, mulher sem marido, homem sem moda.

Onde reside esta possibilidade? Na indigência ou na loucura? Chutar o balde e o pau da barraca é uma coisa, agora vomitar este mundo?! Morrerei, enfartarei, ou serei excluído? A exclusão é um mal de isolamento de oportunidades, que pode causar a morte.

Quem sabe o primeiro passo para o método para esta sanidade seja fugir... não sei procuro uma saída, que não tem portas e nem tramelas, apenas um caminho a ser percorrido, sem placa e nem destino apenas a coragem de caminhar, seja com sandália ou de pés no chão.

A cada amanhecer sinto meus poros nevrálgicos hipnotizados por esta convocação.

História inexistente


Nunca na história existiu uma revolução de filósofos ou teólogos, ou poetas. Tudo que se moveu de forma catastrófica e ou construtiva, por mais que seja impossível separar estes dois elementos, ambos estão implícitos no outro. Como diz Saramago: “O Caos é a ordem a ser descoberta!”
A Igreja se meteu na história não pelas palavras de Agostinho ou Tomás de Aquino, mas foi pelas engenharias de guerra e da inquisição de homens banhados pelas técnicas. A Igreja Católica foi levantada pelo conhecimento das artes e não pela experiência eterizada de “Deus”. Os argumentos sobre deus não moveram um estado, uma nação e uma comunidade.
A técnica prevalece ao raciocínio frenético de muitas pessoas. Hoje, parado diante do espelho da cama, perguntei-me: O que sei? Como posso mover este mundo de civilidades, para um rumo que imagino? Posso manobrar pessoas, estruturas, mas eu mesmo poderei mover algo sozinho? Fui criado em livros de fenomelogistas, de tratados de céticos, e de hinos de crentes. O que isto me torna mais imprenscidível para a história de desenvolvimento?

Não falo aqui de tecnologias, falo do progresso do espírito, que se equaciona no coletivo. Descobri que das mãos de um filosofo não existe arma e nem arado, apenas uma caneta indefesa, sem o ato de tocar a realidade. De palavras temos várias, sem eco, sem cor, sem cheiro, sem motivo, sem ponta e nem nervo. Quero a técnica que move a revolução, por mais que ela seja inútil, como todas as outras. Sair das reuniões e misturar-me ao mar de complexidades de uma realidade qualquer, da rua às mansões. E assim, quem sabe criar uma técnica para além das tecnologias políticas, morais, jurídicas, engenharias... Etc. quero a certeza de uma técnica que me traga a esperança de existir e da história. Quero ser trabalhador da história e de uma vida, que geme de mudança, não delas, mas daqueles que são vivos por idéias, assim chamados racionais: ser humano.