porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Gente - é feita pra além da carne que cheira. Tem coisas que escapam, mas atravessam feito alma.

conceito-pré

Gentificar-se é uma identidade primitiva, um labor do nascimento, uma obra da morte.

Início de Gente

Parece bobeira, usar de teclas para se fazer. Fazer o quê? Fazer-se gente. Todo dia e no cagar da noite imagino parindo de algum lugar. Na mente e no coração as coisas vão se fazendo de um jeito silencioso e autônomo. Isto me aconchega numa satisfação e ao mesmo tempo me atemoriza feito furacão de pesadelo. É preciso fazer-se. Como? Não sei. Uso das palavras para brincar com o que acredito. Somos feitos de crenças. A crença nos une a história e ao futuro imaginável. Fazemo-nos no instante do pensar. Quero que meus pés soletrem coisas que sou, seria, serei. Nestas páginas frias feito esmalte de defunto, vou gentificando-me, e gentificando aqueles que se acham vagamente gente. Não quero morrer feito tela vazia, ou condenado a albinez de meus coloridos quadros de vida. Ao mesmo tempo dou uma frouxa e melancólica risada da estupidez de nossas vontades super-heróicas. Blá. É só mesmo gente que pinta tela de palavras e cenas ideificadas, assim, deificadas(os deuses moram em nossas mãos!). Salve a ilusão da literatura do que somos! Salve a gramática funcional de nossos dias, nada mais e nem menos, imaginavelmente percebidos. Somos imagens de nós mesmos. Imaginação = a gente mesmo.