porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

questão de fé



Cremos, isto é uma expontânea e autêntica  verdade, porém, a fé é uma questão de moda. Ou seja, mudam as cores, formas, estilos, sabores, modelos, mas o princípio necessário e inconscientemente intrínseco na natureza humana de adicionar "roupagem" mítica, certa, lendária, óbvia, além-imanente, é a essência deste fenômeno, por isso, permanece, não se modifica. Esta é a única tese louvável ou empírica do que chamamos de "fé".

Esmagamento público

Como alguém capaz de assinar políticas, e logo, orçamentos, perceberá o massacre cotidiano que acontece nos enlatados do transporte público na cidade de São Paulo? Hoje sei que a mudança acontece quando a prioridade dos sentidos denuncia. Neste exato momento de esmagamento e outras surreais situações, o engravatado anda com o seu carro em ares condicionados. Enquanto isto uma massa de operários de escritórios e empresas endinheiradas ou não, mendigam ar, esfolam-se no corpo do outro, esmagam-se em pisões. Caos alienante de uma massa escrava que paga grandemente (falo de dinheiro mesmo!) pelo seu sofrimento. O pior é que a culpa está na população que não se organiza para acabar com esta bagunça, esta vergonha (assim exclama um guarda refém de sua necessidade de poder). Isto é palavra suada na equação de uma angústia numerosa e cotidiana, por isso uma denúncia não oficiosa em cadastros. Protestar? Como? Se não há tempo e o que prevalece é o interesse do patrão. Em outras épocas o meu tema seria sobre as imagens de Deus ou a revolução da humanidade, hoje resumo meu sofrimento denunciador na miséria mortal de hábitos urbanos, poucos solidarizados pela lógica e tentativa de respostas de pensadores e técnicos da denúncia. Não tenho imaginação ociosa para pensar no não-pensado. Vejo o que escrevo e escrevo o que vejo. Padecemos pela falta de intelectuais e políticos operários. Eu fico aqui na margem entre o esgoto e a fumaça, arredar o pé é morrer famoso pela aparência daquilo que deixei de ser.