porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

domingo, 11 de julho de 2010

hoje é dia

Um domingo a mais e recordo-me das centelhas de instantes em que posso me perceber em minha rotina. Perceber = ser dono de meus sentidos e observar aquilo que está fora de mim ou tão em mim. Quantos livros já li e outros deixei de ler, misteirosamente esquecidos na gaveta de meu quarto. Soube ontem que duas pessoas se suiciram, com a frase deixada: "Não tenho mais sentido para continuar vivo". Donde brota esta afirmação por vezes tão impulsiva e outras vezes meditada como pedra mergulhada na florestra. Sentado neste banco e com a lógica destas palavras procuro uma gota de reflexão que me distraia do ócio domingueiro, que traz nos pés os calos de minhas angústias e na cabeça o peso da fatalidade e acaso. Amanhã tenho agendas de reuniões e hoje não consigo dormir no silêncio de meu travesseiro, somos aquilo que queríamos ser? Eis uma pergunta que faço, sem somas de interpretações ou retórica juvenil. Do outro lado da parede o velho assiste um programa televisionado em qualquer parte do mundo, com um sorriso no canto da boca, satisfação viceral. Eu, aqui com esta coisa sem dor, sem alegria, nem espectativa, cego-me em tentadas reflexões. Quero um sentimento conhecido para agarrá-lo em minha compreensão, enquanto isto, perco-me nas horas e nauseio o dia.