porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Romântica história
em nome da história inigualável do povo andino




























Estou aqui com as mãos vazias de um toque sereno e mestiço
Descobrir na pele de uma latina a veste de uma história esquecida
Beijar não um lábio, mas sim um povo que resistiu o limiar de uma opressão

Contorno simples e de olhar forte e sereno como um vento de inverno
O corpo se espraia entre uma montanha e uma pedra delicada e gelada
Cabelos de cor da noite e pés feitos de detalhes que desconheço

No ventre a virgindade do prazer e apenas o sorriso da sobrevivência
As vestes retratam a harmonia entre o natural esquecido e o feito colonizado
Nos adornos a alienação da terra de seus antepassados e da técnica de seus irmãos

Comportamento de entrega, feito servidão e respeito, diálogo despojado
Na coluna a tentativa de ereção, sem fraquejar no salto escolhido, mas não reparado
Uma febre invade os poros e um odor longínquo e amargo retrata uma energia milenar

Enfim, na estética de uma mulher andina desvenda-se um templo de situações
O romantismo é a lupa da realidade física e histórica, pois invade outros cenários
Somos a relação com as coisas e cada coisa tem um estado de gravidade “irreal”

Os fatos, as situações, as relações são instantes de sacramentalização
O andarilho torna-se a injustiça social, a menina, a bela colonizada sem igual
Neste passo de suor e reverência surge a idéia histórica que transcende a fatalidade




OBS. Sobre a imagem selecionada: a "teta assustada" é um folclore existente no Peru, que atinge as mulheres estupradas durante a guerra do terrorismo. Seus filhos absorvem a doença através do leite materno, ficando sem alma. É o que ocorre com Fausta, portagonista de um filme lançado em 2009, com o mesmo tema do folclore.