porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

domingo, 9 de outubro de 2011

Morte assumida, vida resgatada




 
Ontem conversei com um amigo, que não o via um montão de tempo. Existencialmente o reencontrei anémico e com alguns sintomas de medo, ansiedade, preocupação com a reputação, perdido e com uma visível situação e comportamentos infantilistas. Mas por quê? Pelos tantos anos em instituições formais ou não formais em que lhe propiciaram uma estado permanente de fuga do intelecto em imagens e lógicas meramente imaginativas, tanto em âmbito teológico (Deus), filosófico (essência da vida) e sociológico (humanismo inocente).

Porém, agora que seus anos lhe suplicam respostas “atitudinais”, sente-se como um leão em corpo de passarinho. Para superar, ou melhor, para processar de maneira saudável e tentar resgatar este corpo ainda vivo, é necessário enterrar 3 entidades, corporificadas imaginativamente ao longo destes mais de 30 anos:

Enterrar a imagem deste deus que lhe vigia, amputa e proíbe: deus não existe! (desalienação)
• Enterrar o medo e a percepção de si mesmo até agora: sou um homemm nada mais e nem menos! (realidade)
• Enterrar a preguiça que faz com que permaneça no mesmo lugar e estado: estou vivo ainda! (motivação)

Porque usar o conceito de “enterro”? A questão é: ou enterramos estas questões feitas em carne e rotinas, ou não suportaremos mais o cheiro da podridão de algo que já morreu há um tempo incalculável! Ajamos, pois corremos o perigo de morrermos de alguma virose propagada pelos cadáveres que hoje são depositados nas salas de nossa vida. Eis o grande perigo "mortal". A sociedade sempre gerou necrófilos. O primeiro passo é sentir o cheiro fétido, o segundo debruçar-se sobre os corpos, assumir as nauseas e sentimento de horrorização e o terceiro é ter atitude de trabalhar para o funeral (assim já falava Zaratustra)! A verdadeira morte não é fisiológica, mas perceptiva, que isto fique pichado e registrado aqui.

Sem mais delongas é isto e mais um pouco, porém, já serve para iniciar um caminho simples, complexo, estranho, belo, mas vivo. Dizem os pensadores antigos e alguns do presente que “chegamos a um processo de maturidade, quando temos a capacidade de sermos nossa própria mãe e pai”, eu acrescentaria, “quando tivermos a capacidade de compreendermos que somos pai, filho e espírito santo”. Entenderam? Não falo de dogmas, mas de processos cosidos na simplicidade de uma dimensão que cotidianamente somos flagrados, porém com outras tantas linguagens e signos: assumamos nossa própria divindade e nossas vãs existências, como a única capacidade de ser e de agir! Quando temos a capacidade de assumir a morte, resgatamos a possibilidade da vida.