porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

domingo, 3 de julho de 2011

Consumo = como ser


Vamos pensar um pouco... não precisamos fazer grandes análises para diagnosticar um crime existencial que cometemos a cada passo, esquina e minuto. O que é isto que nos impulsiona a comprar, a ter, a consumir? Na maioria das vezes, despertando expectativas, projetando imagens, causando ansiedades, pequenas satisfações e muitas frustrações. A base do consumir é o processo de frustração-satisfação-frustração e este ritmo é incessante, por isso, constante, permanente, cotidiano e essencial. É a lógica inútil e manipulada do ser-capital que tanto sabemos. Mas o passo para o "não fazer" parece impossível de se concretizar em uma ação e postura radical (corte da manipulação), caminhar com os próprios pés e enxergar a partir da percepção autêntica e original. Nascemos numa cultura do ter. Fazemos, compramos, consumimos e planejamos outras coisas. Coisificamos a nossa existência. Para isto ficamos encarcerados pela independência financeira. Trabalhamos para comprar, compramos para viver. Urgh! Voto de abstinência antes que eu morra sem saber, não sou eu que vivo, mas são "outros" que vivem e mim. Esta é a dimensão ontológica de nossos reais, absurdos e miseráveis dias. Detesto conviver com pessoas e comigo mesmo quando a única ou a grande parte de sua percepção e lógica, está fora de si e dos fenômenos simples e iquietantes da vida, e sim, fundamentam-se e vivem para as percepções das vitrines e a lógica simplória das promoções do mercado. Consumir é mais fácil do que viver. Viver, hoje, é QUASE que impossível.