Durante muito tempo tentei inventar versos
Descobri que a palavra está do outro lado
Como um ermitão ao som de uma mata fria
Queria paixões e estava viúvo
As vezes a mente quer algo que o corpo mentiu
Mas estou aqui, sem grandes verbos e ritmos
Talvez a gente se esquece de nós
Como homem bêbado na segunda-feira
Perdido, sumido, encontrado pela miséria
Não somos tão quanto imaginávamos
Somos pouco e metrificados em pó
Detalhe de metáfora e metafísica
Hoje sobra-me alguns contornos gramaticais
Amanhã talvez acorde com vontade de dizer
Ontem já foi e o agora afoga-me em nada
porta quebrada
Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.