porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Útero podre


Há quem acredita que família é um espaço frutífero, ou seja, um lugar que produz algo que alimenta e nutre, gera valores e propicia desenvolvimento. Porém, observe o que acontece em sua casa de origem, na vizinha e no seu parente mais longe ou do seu companheiro de trabalho. É tudo a mesma coisa, ou seja, gente com problemas, caçando história na história indecifrável do outro. Um querendo roubar o espaço ou a voz do outro. O que acontece neste círculo de vícios e intrigas? Não sei. Uma conclusão se concretiza nestas experiências e de tantos relatos, o ser humano foi feito para construir a sua história processualmente, gradualmente. Vai desvendando o seu próprio destino e suas próprias escolhas. Qual pai deposita total confiança nas decisões do filho? Qual filha aceita sem frustrações a cor de tinta da casa dos pais? Cada ser tem sua história, sua interpretação e suas decisões. As decisões de meus avós não traduzem meus anseios e expectativas. È imprescindível desmistificar este corpo sagrado chamado “família”. Família é para momentos e não para rotina. Quando se transforma em rotina transforma-se em doença. Um filho de uma casa se não emancipado torna-se idoso sem idade, ou melhor, o novo passa a ser velho em pés de morte. Não falo aqui de fuga dos conflitos as entre gerações, mas de um fluxo ontológico. Somos feitos para partir e buscar a nossa pegada, sem marcas ou sem grandes interpretações. Aqueles que não rompem com este elo de origem, estão fadados a enlouquecer ou geometrificar-se numa induzida patologia. Viver em família é uma doença. Deveremos ser estrangeiro de nossas camas de nascimento, pois os universos são distintos e cada é convocado a traçar os seus próprios erros e certezas. Errar é humano permanecer no erro é viver em família. Há aqueles que não desagarraram do cordão umbilical, não pariram para sua história. A estes sobre a podridão de um útreo desmtarializado e aprofundado e concretado pelo inconsciente.