porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O HOMEM




















Despido de sua história centralizadora e irreal
Sem direito, dever ou tratados e lógicas
Apenas sentado diante da natureza

Um ser com músculos, olhos e suas dores comuns
Mãos dispostas ao trabalho de sobrevivência
Sem óculos, relógios, dinheiro ou depósitos

Mora e planeja casa feita de barro e de sapê
O terreno é aconchego e nutriente
As estações definem suas decisões

As relações são de necessidades físicas e futuras
Filhos são para o cultivo natural do grupo
Mulher é presença sagrada da produtividade

Sem adorno e nem imaginação de si mesmo
Vive a procura de um detalhe de beleza
E aceita a sua fatalidade momentânea

Entre o absurdo e o cotidiano, escolhe a contemplação
Ignorante das chantagens intelectuais
Sabedor de sua inutilidade e morte

Quando caminhas preferes as trilhas e o não-visitado
Está mergulhado em sua rotina de cultivo
Prioriza o tempo do tempo

As palavras lhe são ponte de urgências
O toque é gesto de produção
A lágrima é registro de verdade