"(...) o anúncio do deus morto proferido por nietzsche, o do falecimento do homem feito por foulcault, liberam o terreno para um novo nascimento no qual o humanismo e os direitos do homem desaparecem. (...) deus celebrado, o homem divinizado não produziram, realmente, senão a alienação e a servidão, o empobrecimento, o enfraquecimento dos indivíduos, seus sacrifícios aos leviatãs multiplicados.
após deus e o homem, o camelo e o leão nietzschianos, é preciso celebrar a criança e as virtudes da inocência coextensiva ao sobre-humano desejado por zaratustra. além do rosto de areia, pode-se traçar com um dedo febril o contorno de uma nova figura: o indivíduo soberano. a morte do homem e a superação do humanismo ganham seu sentido nessa perspectiva do reino da nova figura. primeiramente, deus dispõe de plenos poderes e o homem não conta em nada, uma coisa sendo a causa da outra - a religião triunfa; em seguida, o homem reina sozinho enquanto que o indivíduo soberano não tem existência nenhuma - o humanismo lança todos aos sufrágios; imaginemos então uma nova época, possibilitada pelas fraturas abertas em maio de 68, tendo, ao centro, o indivíduo soberano e o reino daquilo que chamarei o hedonismo, sem esquecer a lição de nietzsche para quem todo prazer busca a eternidade.
(...) feito para ser ultrapassado, dançando no vazio sobre uma corda estendida entre a animalidade e o sobre-humano, o homem se exercita volteando no espaço, por cima de uma praia cuja areia poderia muito bem acolher sua queda e abrir-se em forma de tumba. O pai de zaratustra afirma que a distância é tão grande entre o verme ou o macaco e o homem quanto entre o homem e o super-homem. O trabalho dos nietzscianos franceses após 68 consiste em avaliar, medir, considerar a distância entre o ponto do meio e aquele da extremidade, longe das origens, antes de empreender um outro percurso, aquele do segundo segmento. sobre esta linha, deus e religião se encontram no início, o homem e o humanismo no centro e o indivíduo soberano e o hedonismo no final".
após deus e o homem, o camelo e o leão nietzschianos, é preciso celebrar a criança e as virtudes da inocência coextensiva ao sobre-humano desejado por zaratustra. além do rosto de areia, pode-se traçar com um dedo febril o contorno de uma nova figura: o indivíduo soberano. a morte do homem e a superação do humanismo ganham seu sentido nessa perspectiva do reino da nova figura. primeiramente, deus dispõe de plenos poderes e o homem não conta em nada, uma coisa sendo a causa da outra - a religião triunfa; em seguida, o homem reina sozinho enquanto que o indivíduo soberano não tem existência nenhuma - o humanismo lança todos aos sufrágios; imaginemos então uma nova época, possibilitada pelas fraturas abertas em maio de 68, tendo, ao centro, o indivíduo soberano e o reino daquilo que chamarei o hedonismo, sem esquecer a lição de nietzsche para quem todo prazer busca a eternidade.
(...) feito para ser ultrapassado, dançando no vazio sobre uma corda estendida entre a animalidade e o sobre-humano, o homem se exercita volteando no espaço, por cima de uma praia cuja areia poderia muito bem acolher sua queda e abrir-se em forma de tumba. O pai de zaratustra afirma que a distância é tão grande entre o verme ou o macaco e o homem quanto entre o homem e o super-homem. O trabalho dos nietzscianos franceses após 68 consiste em avaliar, medir, considerar a distância entre o ponto do meio e aquele da extremidade, longe das origens, antes de empreender um outro percurso, aquele do segundo segmento. sobre esta linha, deus e religião se encontram no início, o homem e o humanismo no centro e o indivíduo soberano e o hedonismo no final".
(A política do rebelde - tratado de resistência e insubmissão, Michel Onfray, 1997)