Parece bobeira, usar de teclas para se fazer. Fazer o quê? Fazer-se gente. Todo dia e no cagar da noite imagino parindo de algum lugar. Na mente e no coração as coisas vão se fazendo de um jeito silencioso e autônomo. Isto me aconchega numa satisfação e ao mesmo tempo me atemoriza feito furacão de pesadelo. É preciso fazer-se. Como? Não sei. Uso das palavras para brincar com o que acredito. Somos feitos de crenças. A crença nos une a história e ao futuro imaginável. Fazemo-nos no instante do pensar. Quero que meus pés soletrem coisas que sou, seria, serei. Nestas páginas frias feito esmalte de defunto, vou gentificando-me, e gentificando aqueles que se acham vagamente gente. Não quero morrer feito tela vazia, ou condenado a albinez de meus coloridos quadros de vida. Ao mesmo tempo dou uma frouxa e melancólica risada da estupidez de nossas vontades super-heróicas. Blá. É só mesmo gente que pinta tela de palavras e cenas ideificadas, assim, deificadas(os deuses moram em nossas mãos!). Salve a ilusão da literatura do que somos! Salve a gramática funcional de nossos dias, nada mais e nem menos, imaginavelmente percebidos. Somos imagens de nós mesmos. Imaginação = a gente mesmo.
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