"Amor" é falácia ou descrição. O imaginário é o campo que permite ao ser humano a identidade que lhe compete hoje enquanto ser. É a fórmula que equaciona e proporciona a dubiedade presente da sua existência, sua capacidade de transcender a funcionalidade da percepção. O ato criador surge da potencialidade da imaginação. Imaginar é ter consciência de coisas que estão a frente, atrás e ao lado. Existir é um constante imaginar. Sem esta possibilidade não existiria escrita, rima, doutrina e moral? Não sei, as formigas desenham condomínios que identificam e subtraem uma lógica impenetrável pela burrice formal. Mas afirmar que somos fadados a uma existência singular por ter a capacidade de imaginar, eu não sei se esta afirmação é possível. Acho que tudo que existe imagina. Faz parte da organicidade das coisas, não só da aparência, mas como essência, profunidade, multiplicação infinita. Agora uma coisa quero gritar, sussurrando nestas linhas, o "amor" foi imaginação de quem? " Nascemos sós e morremos sós, por isso, na vida, tentamos viver em companhia", Raquel de Queirós, descrevia isto em suas tantas revelações. A vida se enfeita de coisas para desfilar na avenida do sentido. Tantas montanhas são codificadas no paladar do pensar, que se abstrai num acreditar que declama na boca e frustra-se nos pés da razão. O amor não é ponte entre a emoção e a realidade, mas sim, é musculação do cérebro e dos sentidos. Somos educados a amar. Amar é sinônimo de compromisso, projeto de hoje, ontem e futuro. Na música do rádio o rouco poeta canta mais um amor. Pra se dizer verdades, basta contar histórias de algo que foi vivido. O homem é estatura forte mergulhado na fragilidade da mulher. A mulher é espelho da adormecida sensibilidade masculina. Enfim, ambos projetos daquilo que se quer de si mesmo e reproduz-se na imagem de um outro. Amor é coisa que se faz e é feito, nada de uma tempestade surgida, mas vento de um movimento do corpo daquele que se confessa amante. Mesmo com este falatório todo, surge a cina: Onde des-cobrir esta coisa denunciada "amor"? Talvez longe do que falo e mais perto do território do que muitos, silenciosamente, sentem depois de anos de acreditar neste conceito imaginado na prática.
porta quebrada
Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.
sexta-feira, 13 de março de 2009
"Amor", imaginando uma realidade
"Amor" é falácia ou descrição. O imaginário é o campo que permite ao ser humano a identidade que lhe compete hoje enquanto ser. É a fórmula que equaciona e proporciona a dubiedade presente da sua existência, sua capacidade de transcender a funcionalidade da percepção. O ato criador surge da potencialidade da imaginação. Imaginar é ter consciência de coisas que estão a frente, atrás e ao lado. Existir é um constante imaginar. Sem esta possibilidade não existiria escrita, rima, doutrina e moral? Não sei, as formigas desenham condomínios que identificam e subtraem uma lógica impenetrável pela burrice formal. Mas afirmar que somos fadados a uma existência singular por ter a capacidade de imaginar, eu não sei se esta afirmação é possível. Acho que tudo que existe imagina. Faz parte da organicidade das coisas, não só da aparência, mas como essência, profunidade, multiplicação infinita. Agora uma coisa quero gritar, sussurrando nestas linhas, o "amor" foi imaginação de quem? " Nascemos sós e morremos sós, por isso, na vida, tentamos viver em companhia", Raquel de Queirós, descrevia isto em suas tantas revelações. A vida se enfeita de coisas para desfilar na avenida do sentido. Tantas montanhas são codificadas no paladar do pensar, que se abstrai num acreditar que declama na boca e frustra-se nos pés da razão. O amor não é ponte entre a emoção e a realidade, mas sim, é musculação do cérebro e dos sentidos. Somos educados a amar. Amar é sinônimo de compromisso, projeto de hoje, ontem e futuro. Na música do rádio o rouco poeta canta mais um amor. Pra se dizer verdades, basta contar histórias de algo que foi vivido. O homem é estatura forte mergulhado na fragilidade da mulher. A mulher é espelho da adormecida sensibilidade masculina. Enfim, ambos projetos daquilo que se quer de si mesmo e reproduz-se na imagem de um outro. Amor é coisa que se faz e é feito, nada de uma tempestade surgida, mas vento de um movimento do corpo daquele que se confessa amante. Mesmo com este falatório todo, surge a cina: Onde des-cobrir esta coisa denunciada "amor"? Talvez longe do que falo e mais perto do território do que muitos, silenciosamente, sentem depois de anos de acreditar neste conceito imaginado na prática.
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Um comentário:
Silenciosamente...belo!
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