porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

sexta-feira, 13 de março de 2009

"Amor", imaginando uma realidade


"Amor" é falácia ou descrição. O imaginário é o campo que permite ao ser humano a identidade que lhe compete hoje enquanto ser. É a fórmula que equaciona e proporciona a dubiedade presente da sua existência, sua capacidade de transcender a funcionalidade da percepção. O ato criador surge da potencialidade da imaginação. Imaginar é ter consciência de coisas que estão a frente, atrás e ao lado. Existir é um constante imaginar. Sem esta possibilidade não existiria escrita, rima, doutrina e moral? Não sei, as formigas desenham condomínios que identificam e subtraem uma lógica impenetrável pela burrice formal. Mas afirmar que somos fadados a uma existência singular por ter a capacidade de imaginar, eu não sei se esta afirmação é possível. Acho que tudo que existe imagina. Faz parte da organicidade das coisas, não só da aparência, mas como essência, profunidade, multiplicação infinita. Agora uma coisa quero gritar, sussurrando nestas linhas, o "amor" foi imaginação de quem? " Nascemos sós e morremos sós, por isso, na vida, tentamos viver em companhia", Raquel de Queirós, descrevia isto em suas tantas revelações. A vida se enfeita de coisas para desfilar na avenida do sentido. Tantas montanhas são codificadas no paladar do pensar, que se abstrai num acreditar que declama na boca e frustra-se nos pés da razão. O amor não é ponte entre a emoção e a realidade, mas sim, é musculação do cérebro e dos sentidos. Somos educados a amar. Amar é sinônimo de compromisso, projeto de hoje, ontem e futuro. Na música do rádio o rouco poeta canta mais um amor. Pra se dizer verdades, basta contar histórias de algo que foi vivido. O homem é estatura forte mergulhado na fragilidade da mulher. A mulher é espelho da adormecida sensibilidade masculina. Enfim, ambos projetos daquilo que se quer de si mesmo e reproduz-se na imagem de um outro. Amor é coisa que se faz e é feito, nada de uma tempestade surgida, mas vento de um movimento do corpo daquele que se confessa amante. Mesmo com este falatório todo, surge a cina: Onde des-cobrir esta coisa denunciada "amor"? Talvez longe do que falo e mais perto do território do que muitos, silenciosamente, sentem depois de anos de acreditar neste conceito imaginado na prática.

Um comentário:

Anônimo disse...

Silenciosamente...belo!