porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

domingo, 13 de junho de 2010

Europa, mestiça

Quem foi que disse que a Europa é celeiro de uma intelectualidade exemplar e de respostas técnicas para toda humanidade? E aí, quem é essencialmente o europeu? Ao lermos a história deste território teremos dados não muito "nobres" ou similares com o que hoje concebemos frente a este continente. Obras de arte, prédios e templos "inigualáveis" no arranjo de sua arquitetura, tratados filosóficos e religiosos, tornou-se referência de cultura e pensamento pela sua capacidade de posicionamento e ordem frente a outros grupos territoriais, muitas vezes com as rosas da colonização. Neste universo de status e projeções voltamos ao cenário de alguns anos atrás: Terra de bárbaros = cultura baixa, agressiva e primitiva. Assim era o que hoje conhecemos como Europa. Um povo feito de bárbaros. As invasões e permeações das culturas árabes e outros extratos orientais regeram uma nova cultura em que foram apresentados elementos fundamentais para este cenário e concepção hoje existente. A arquitetura foi analisada e matematizada pelos arquitetos orientais. E o pensamento intelectualizado dos filósofos, arrogantemente ocidentais, surge com os escritos do mestiço Aristóteles manuseados por estes mesmos povos oriundos de um lugar diferente do que até então se conhecia como "Europa". O Europeu é aquele povo que recebe, tem a capacidade da síntese do outros(S). Hoje no futebol temos a impressão de que quem joga na Europa tem um carimbo de qualidade intransponível. Porém, com base nesta analise é evidente, estatístico e descritivo que não existe futebol forte, bonito, criativo, disciplinar "europeu" por si mesmo. Mas sim, um campo de jogadores mundiais escolhidos nos países na sua grande maioria "periféricos". Um povo de costura e que serve de ponte, que comunica e integra os diferentes este é o seu mérito, mas também ronda nesta experiência e formato de ser um perigo de uma superficial concepção das origens. Uma derivação superficial de fatos e conteúdos de outras culturas com o seu contexto e suor. A cultura é elemento que brota, equaciona-se no grito de uma necessidade histórica e local. Pelo contrário torna-se enxerto e isopor frente ao prato principal incopiável. Acabo com esta reflexão invocando historicamente a imagem de um homem ocidentalizado, ou seja, acidentalizado pelos povos europeus, Jesus de Nazaré, foi um profano e um líder político subversivo pela sua proposta nada eclesiástica. Porém, o roubo histórico desta imagem histórica, para um povo do deserto fecundo, que foi vulgarizada pela mente coletiva de um povo que busca e engendra-se no respirar do poder, que quer lucrar com bandeiras e verdades, outros lugares e povos mais refinados e sabedores de sua própria cultura. A maldita colonização é símbolo de descarga de contradições lógicas e conceituais de um povo confuso e tagarela de outras culturas. A Europa não nasceu assim, é creche de nossas crianças latinas, africanas, árabes e tantas outras identidades. O nosso ouro está lá e as bibliotecas de nossos vizinhos foram mal copiadas e os originais queimados. Um povo genérico e sem a classificação da originalidade e autenticidade de uma cultura, no sentido pleno da palavra. Salve a mestiçagem, fruto de um capital pouco discutido e colocado na mesa de nossas concepções e relações. Saber disso é legitimar no seu devido lugar a dignidade de muitas culturas massacradas pela arrogância crassa de alguns umbigos de povos, chamdos de "centrais", porém tão marginais quanto a sua história “bárbara”.

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