Há tempos minhas idéias esfolam na mente e na pele sem perfurar a intenção querida. Diariamente produzo projetos, estratégias e outras coisas. Só esqueci de dar tempo ao nada e a capacidade de caminhar sem rumo. Neste sentido, não tenho mais o ritmo da ação do sujeito e da lógica literária da necessidade. Escrever para mim transformou-se em tentativa de fuga e de silêncio. Recordo-me do tempo do impulso da imaginação, mas sem saudade, ou remorso de ter perdido algo. As vezes a perda é mais um ganho, pois transpõe uma nova experiência condizente com sua atual condição e consciência. Talvez tenho concretado meus pés, ou melhor, caminhado não pelos bosques longínquos, mas pela calçada da periféria e despido meus olhos para cena real da vida em sociedade. Um elo entre o interesse salarial e a causa buscada, sempre parcialmente, pois não se sabe em que acreditar integralmente. Pois tudo transfomou-se em fumaça de uma hispotése e sala de espera de um lugar imaginado e confortável.
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