Vida de cimento. Vida de proletariado, perdido entre a mão e a produção. A miséria da cidade está nas pessoas. O verdadeiro lixo está na mente daqueles que se intitulam gente. Existe possibilidade de reciclagem? Há possibilidades que não são reais, quando a alma deixa de existir e quando o brilho foi ofuscado pela falência. Existirá um ponto de cura? Não há remédios para defuntos. Torçamos pela brisa e pela catástrofe ecológica, talvez ela regenere aquilo que homens e mulheres perderam ou deixaram-se morrer. Proclamo isto, porque nem projeto e nem políticas mudaram aquilo que nosso corpo já diagnosticou e nossas idéias professaram. Pessimismo ou modo de esperança realista? Nem Marx e nem Buda sabiam da pedagogia regerativa do cosmos na imanente ignorância humana e social. Independência ou morte? A espada do império enferrujou e sonhamos com um terreno de supremacia e justiça. Prefiro a morte, quem sabe assim sobra-me um pouco de vida e uma lógica natural, sem revoluções, leis, consensos e carteira assinada: faço prece pelos pés carregados de frutas e o rio cheio de seres mais relevantes que o bípede de barbas e seios - uma aberração do intelecto.
porta quebrada
Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.
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