
Onde se encontra, se é que existe, o
limite entre o que é
coletivo e particular nos centros e periferias urbanas? Hoje o que chamamos de "
metrópolis" e até mesmo daquelas cidade de pequeno e médio porte,
professam a crença no
indivíduo, como um ser ilhado numa família e necessariamente relacionado ao seu habitat
laboral. E a declamada e unânime profissão da crença da inexistência da comunidade, como território e espaço de possibilidade de
conquistas e de um desenvolvimento baseado em interesses e partilhas. O vizinho é um ente indiferente, inexistente pelo corpo de nossa atenção e necessidade. Uma rua não representa mais um espaço de troca de perspectivas e de interesses comuns, mas apenas um risco de
concreto que pavimenta o "meu" acesso e o "seu", enfim, um acaso geográfico. Neste novo cenário de relações, o número presente na faixada das casas e a caixa postal de um
coletivo cahamado "família", têm a sua essência em si. Não importa se estou no Rio de Janeiro ou em
Curitiba, a uniformidade de relação é a mesma. Os sabores perdem cada vez mais as suas
peculiaridades, singularidadese logo leque de criativas sensações e lógicas elaboradas pela
experimentação. Os
indivíduos se
coletivizaram, massificaram escolhas e desejos, se
trasnformaram em mutantes do poder. Queremos "coca -cola ou
guaraná".
Não ousamos criar
saberes/
sabores e bebidas. Quem já tomou banana com manteiga e
melancia? É ruim,
indigestivo? Mas todos os produtos tem um veneno codificado em seu corpo. Como dizia
Fernando Pessoa, o primeiro
construtor de frases de marketing: "Tudo o que no iní
cio se estranha, com o tempo se entranha". Uma outra premissa desta reflexão está em que tudo o que a sociedade produz é relacionado com ter e gastar, onde o "comer" é verbo que
transcende a sua realidade, se
trasnformando numa antologia: Queremos comer tudo e todos - Logo, somos
artefatos para o consumo. Apenas isto. Servimos para consumir, como bichos primários sentimos cheiros para comprar, degustamos para sentir mais vontade, vomitamos para nos esvaziarmos. O desejo pelo desejo. O querer pelo querer. O comer tem um
caráter, em sua origem, uma questão de necessidade, hoje é um capricho e um passa tempo. Quem transformou a comida em produto de apreciação e que custa dinheiro? Tudo foi
manufaturado. Quanto custa a cor inigualável do Caqui? E a aguá fresca da fonte, hoje blindada pelo rótulo de grandes
empresas e donos ? Neste estado o ser humano se
transfigurou em um ser-obejto, fundamentado pela sua
relação com o mercado e não mais com sua conquista de territórios de histórias, que são equações de dores, sonhos, delírios, sofrimentos e esperanças com o mundo e os outros semelhantes.
Não sonhamos mais porque nos sentimos esmagados pelo
acumulo solitário de nossos anseios e temores, mover-se é impossível. A massa é muralha da
impossibilidade. A consciência
coletiva é coisa de livros e
pensadores de
uma época
idealista. O que farei frente a injustiça e a mão
invisível e gigantesca que manipula e destroça a rotina do
coletivo subjetivo chamado sociedade? Eis a fórmula dantesca desta apática e paralisia de causa que chamamos hoje de alienação.
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