porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

domingo, 13 de setembro de 2009

Romance





Será que alguém disse o que seria o amor?

E se isto valeu, e foi feito como alimento?

Palavra é palavra

Nada entre o dito e o silêncio,

Ambos condenados ao inútil



Tristão e Isolda,

Sofrearam na imaginação
Minha vó se fez na real

Entre a panela e o travesseiro

Idiotice é escrever

Sem ter na mão a faca do sustento



A história oferece a certeza

Entre castelos e favelas

Castigos e promoções

Piedade e crueldade

Saudade e divórcio



Aqui nesta cidade

Vejo carro e menina indo no salão

Unhas e cabelos

Livros e romances

Na prateleira da mente o tédio

Serei capaz ainda de construir uma história

Que desse lágrima ou temor?



O absurdo da vida se esconde

Na fatia da maça vespertina

E no mercado onde vendem o leite

No leito do parto

Uma mãe sonha com colégios e praças

Sobra-lhe a dor no peito



As cascas que são deveres

Trafegam no homem como navalha

E pedaços da morte

Ruas perdidas com entes moribundos

Em prédios antigos, vizinhas sem nome

Irmãs sem amores

Dedos sem destino



Quem me disse que amar é ter vida

Mais um som sem verdade

O que fazer com a trama da minha janela

Tenho medo de enlouquecer e rasgar meu contrato

Não somos nada, além do reflexo deste urbanismo

Decadência do que foi minha infância

E o que será da minha identidade

INEXSITÊNCIA

Somos anônimos de nosso próprio caos

Vagamos entre a consciência e o ter

Porém, nos fazemos no vácuo do abismo do nada

Sem pó, sem verdade

Apenas com os olhos no limite e vaidade



O livro está molhado no banheiro

Misturado com urina e roupa suja

Esqueci de algo?

Ou aprendi com o não-dito?

Melancolia ou razão?

Talvez a primeira seja um mal entendido da segunda



Busco hoje o equilíbrio do desequilíbrio

A morte da vida

O coração das minhas mãos

Dexei de lado como doença

Aquilo que me trouxeram e me fizeram crer

Moro no quarto de minha ignorância,

Mas sem portas, janelas e paredes

Aberto como vela em alto mar

Ou satélite no vácuo universo

Procuro sair de mim mesmo

Sair de minha história

E mergulhar naquilo que nos escapa



Quanta abobrinha

Vejo daqui botecos e igrejas,

Outros entre o sono e comer

E eu mais um vez doido por mim mesmo



As vezes não sabemos onde roubar

Ou o que ensinar

Pois isto é invenção de meus passados

a nossa prisão e condenação

é a consciência coletiva



Sociedade é a soma de contradições e crenças

É um universo de imaginações e devaneios

Até suas conquistas são fantasmagóricas

Começou a chover

E vejo em prece

O mundo sendo lavado

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