Será que alguém disse o que seria o amor?
E se isto valeu, e foi feito como alimento?
Palavra é palavra
Nada entre o dito e o silêncio,
Ambos condenados ao inútil
Tristão e Isolda,
Sofrearam na imaginação
Minha vó se fez na real
Entre a panela e o travesseiro
Idiotice é escrever
Sem ter na mão a faca do sustento
A história oferece a certeza
Entre castelos e favelas
Castigos e promoções
Piedade e crueldade
Saudade e divórcio
Aqui nesta cidade
Vejo carro e menina indo no salão
Unhas e cabelos
Livros e romances
Na prateleira da mente o tédio
Serei capaz ainda de construir uma história
Que desse lágrima ou temor?
O absurdo da vida se esconde
Na fatia da maça vespertina
E no mercado onde vendem o leite
No leito do parto
Uma mãe sonha com colégios e praças
Sobra-lhe a dor no peito
As cascas que são deveres
Trafegam no homem como navalha
E pedaços da morte
Ruas perdidas com entes moribundos
Em prédios antigos, vizinhas sem nome
Irmãs sem amores
Dedos sem destino
Quem me disse que amar é ter vida
Mais um som sem verdade
O que fazer com a trama da minha janela
Tenho medo de enlouquecer e rasgar meu contrato
Não somos nada, além do reflexo deste urbanismo
Decadência do que foi minha infância
E o que será da minha identidade
INEXSITÊNCIA
Somos anônimos de nosso próprio caos
Vagamos entre a consciência e o ter
Porém, nos fazemos no vácuo do abismo do nada
Sem pó, sem verdade
Apenas com os olhos no limite e vaidade
O livro está molhado no banheiro
Misturado com urina e roupa suja
Esqueci de algo?
Ou aprendi com o não-dito?
Melancolia ou razão?
Talvez a primeira seja um mal entendido da segunda
Busco hoje o equilíbrio do desequilíbrio
A morte da vida
O coração das minhas mãos
Dexei de lado como doença
Aquilo que me trouxeram e me fizeram crer
Moro no quarto de minha ignorância,
Mas sem portas, janelas e paredes
Aberto como vela em alto mar
Ou satélite no vácuo universo
Procuro sair de mim mesmo
Sair de minha história
E mergulhar naquilo que nos escapa
Quanta abobrinha
Vejo daqui botecos e igrejas,
Outros entre o sono e comer
E eu mais um vez doido por mim mesmo
As vezes não sabemos onde roubar
Ou o que ensinar
Pois isto é invenção de meus passados
a nossa prisão e condenação
é a consciência coletiva
Sociedade é a soma de contradições e crenças
É um universo de imaginações e devaneios
Até suas conquistas são fantasmagóricas
Começou a chover
E vejo em prece
O mundo sendo lavado
Nenhum comentário:
Postar um comentário