porta quebrada

Esta página não tem intenção de ser reconhecida pelos "outros", mas serve de alívio para o que nela tenta escrever, rabiscando sentidos e percepções. Fadada ao caos do tempo alienado dos compromissos, aqui a mão e o cérebro se faz silêncio e palavra que perfura até o chão da rotina, ou seja, aquilo que deveria ser e não é mais. Por isso, neste espaço não existe porta, pois está quebrada, arrebentada pela liberdade do interesse.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

III CONFISSÃO?

Quando um dia interroguei a mesa de anciãos e mestres, CAETOS assim são intitulados o grupo de frades que decidem e opinam sobre a vida dos mais novos: “O que devo fazer, estou sendo provocado diariamente por uma mulher linda, em que me sinto atraído, em meio a minha necessidade humana de beijar, transar (...). O que fazer? Qual o método? Qual é a saída para esta tensão entre o ideal e o real?”. A resposta foi um riso de canto de boca, irônica e sarcástica, sem grandes preocupações, sempre com ar de “sei de tudo”: “Isto não se pergunta, pois cada um vive da sua maneira!” Neste exato momento caiu o véu da mentira, todos ali naquela mesa viviam uma situação de escape ou fuga. A Igreja se mantêm nos porões e caminhos paralelos, impronunciáveis mas vividos intensamente. A questão é que o que se vende e escreve em tratados sobre castidade e o escambal você nunca encontrou e nem encontrará na vida de um homem. Depois comecei a enxergar a vida escrava e deprimente das freiras, pessoas com uma pele ressacada pela anulação na virilidade da sexualidade e da liberdade do erro. Nunca podem errar, mas acabam se transformando no próprio erro em carne e osso. Este é o mundo religioso, uma mistura de trabalho social, com a escuridão de rituais, e imagem egoísta de seres que buscam um status quo, mesmo que por um grupo de senhoras aposentadas devotas rezadeiras de terços, rosários e outros brinquedos mais. Quando a pessoa não assume as aptidões e percursos desejados pelo corpo, vive escrava de objetos e adereços que “feiticham” a dor da perda e do exílio.

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